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Cachaça é o tema!

Produto legitimamente brasileiro!

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Bálsamo ou Cabreúva eis a questão!

      O bálsamo é usado há séculos como fragrância em perfumaria, balas, e gomas de mascar. Hoje, continua sendo usado em preparações farmacêuticas, como xarope, expectorante e veículo para outros compostos. É um ingrediente na tintura composta de benjoim. É usado no tratamento popular contra o câncer. O Bálsamo-do-peru faz parte da Farmacopeia Americana desde 1820, com uso documentado em bronquite, laringite, dismenorreia, diarreia, disenteria e leucorreia. Hoje é muito usado em produtos para tratamento de feridas, úlceras, escabiose, tônicos capilares, anticaspas, desodorantes íntimos e fragrância em sabonetes, detergentes, cremes, loções e perfumes. O Bálsamo-de-tolu é mais usado como bálsamo mesmo, em antitussígenos, pastilhas, xaropes, para gargantas inflamadas e como inalante em descongestionantes respiratórios. O uso pela cultura indígena levou o bálsamo-do-peru a ser exportado para a Europa no século XVII, onde foi documentado pela farmacopeia Alemã.
     
        Pertence ao gênero família das Fabaceae. Com nome cientifico de Miroxylon balsamun e sinônimos Miroxylon toluiferum e Miroxylon peruiferum. Existem cerca de 6 espécies dentro do gênero Miroxylon, e uma certa confusão sobre as mesmas, mas vale falar que podem  ser resumidas a uma única com algumas variedades(Rizzini & Mors 1976). O que interessa para este artigo é o balsamo de tolu(balsamo) e o balsamo do peru(Cabreúva).
Também conhecida como óleo-balsamo, bálsamo-de-tolu, bálsamo-índico-seco, bálsamo-de-Cartagena, resina-de-tolu, bálsamo-toluano, bálsamo-da-América, bálsamo-de-cheiro-eterno, bálsamo-de-são-tomaz, bálsamo-do-peru, bálsamo-de-são-salvador, benjoim-do-norte, opobálsamo, óleo-vermelho, coroiba, resina-de-tabu,cabreúvacabriúvacabriúva-pardacabruécabureíbaóleo cabureíbaóleo-pardo e pau-bálsamo,cabriúva vermelha,Balsamo Palo de balsamo (América espanhola em geral) Cedro chino Nabal (México) Chirraca Sandalo (Costa Rica) Tache, Tolu (Colômbia) Estoraque (Peru) Incienso, Quina ( Argentina) Santos Mahogany Sandalo - Balsamo (Equador)tolubalsambaum (alemão); bálsamo de tolú, bálsamo de san salvador, bálsamo de sonsonate (América Central); bálsamo de tolú, bálsamo tolutano de cartagena, sahumerio (América do Sul); baumér du pérou, baumér de tolu (Antilhas Francesas); the 
balsam of tolu (Antilhas Inglesas); bàlsam de tolú (catalão); mata-karanda (Ceylão); árbol 
tolú, básamo de tolú, corteza de balsamo, estoraque, quina-quina, resino (espanhol); 
baumier de tolu (francês); tolubalsemboom (holandês); tolu balsam tree (inglês); balsamo 
del tolu (italiano); arbol de balsa, balsa cuy, balsam, balsamo-del-peru, balsam of peru, 
balsam-of-tolu, quino-quino, tolu balsam. Balsamo-cara (índios Quíchua); aqui mad’i 
(índios Tacana). 

        Árvores de grande porte, crescem até 35 m de altura, casca enrugada e espessa, cinza escuro. Folhas pecioladas, alternas, folíolos glabros e comprimidos. Flores brancas, dispostas em cachos. O fruto é uma vagem curta pediculada, alada, pardacenta com 12 a 13 cm de comprimento. O bálsamo é coletado por incisão feitas no tronco das árvores, que devem ter pelo menos 20 anos de idade e pode render 3 kg árvore anual de seiva. A árvore do bálsamo-de-tolu(Balsamo), que aparece do centro para o sul da América difere muito pouco da árvore que rende o bálsamo-do-peru(Cabreúva), que aparece da América central para o norte, pois são espécies diferentes do mesmo gênero. O óleo-resina do bálsamo-de-tolu, comumente chamado bálsamo, possui uma cor castanho-amarelada, transparente, tem uma composição semifluida ou quase sólida, com um odor e gosto similar à baunilha e é usada como aditivo alimentar, flavorizante em xaropes, bebidas, confeitaria e gomas-de-mascar. O óleo-resina do bálsamo-do-peru(Cabreúva) é marrom-escuro tem odor de canela e baunilha e gosto amargo. Bálsamo-de-tolu(Balsamo): Nativo da América do Sul ocorre na Colômbia, Peru, Venezuela, Argentina, Brasil, Paraguai e Bolívia; Bálsamo-do-peru é nativo da América Central, México, EI Salvador, República Dominicana, Peru, Venezuela, Bolívia.
Madeira nobre usada na movelaria, sua serragem e sementes são utilizadas na perfumaria, bem como seu bálsamo, obtido por incisão no tronco e por usos medicinais da casca, folhas e frutos.Indicada para tratar Asma, bronquite asmática, cistite, doença pulmonar, doença sexualmente transmissível (blenorragia, etc), dor de cabeça, eczema, ferida externa, fraqueza, garganta, queda de cabelo, reumatismo, tosse, tuberculose, úlcera, vias aéreas.
Fruto

Tronco Cabreúva
Bálsamo do Peru
Balsamo de tolu

                                           

     Vale lembrar que se dentro da botânica existe uma certa dúvida em relação  as espécies do gênero Miroxylon, imagine entre nós Cachaçólogos, Cachacistas e Cachaçófilos, que sempre discutimos o assunto sob o efeito de uma boa caninha, jamais entraremos em um acordo, porém após toda esta pesquisa que fiz sobre o tema chego a seguinte conclusão, se existe uma diferença, e acho que existe, é muito sutil, pois quando encontramos uma cachaça armazenada em balsamo, temos uma cachaça amarelada e com aroma suave de baunilha proveniente de seu óleo resina, já a cabreúva nos oferece uma cachaça amarela com tons avermelhados e aromas de baunilha e canela e certa adstringência na boca, portanto a diferença existe e serve para enriquecer ainda mais nosso rol de madeiras para envelhecimento do nosso mais nobre produto, mostrando toda sua versatilidade e superioridade em relação aos outros destilados do mundo.


     Existem inúmeras cachaças armazenadas em Balsamo e Cabreúva, inclusive uma das mais famosas é a mitológica Anísio Santiago produzida na região de Salinas, região esta que detêm o IG selo de indicação geográfica, juntamente com Paraty-RJ. 
     Em Salinas é cultural o uso do Balsamo para armazenar Cachaça, já na região sul do Brasil encontramos o armazenamento em Cabreúva, a Weber Haus tem uma cachaça que passa por carvalho e Cabreúva que é realmente um primor, no Rio Grande do Norte temos a Serena armazenada em Balsamo, também de um nível de qualidade digno de comparação com os melhores destilados mundiais, além muitas outras como Canarinha, Salideira, etc.
      As cachaças armazenadas em balsamo e cabreúva apresentam de um modo geral um tonalidade amarela brilhante a um dourado intenso, com aromas levemente adocicados podendo se encontrar inclusive aroma de erva-doce em algumas delas, na boca sua presença é sempre agradável e em alguns casos(cabreúva) apresenta uma certa adstringência, também proveniente da presença de taninos, transformando a experiência de degustar uma cachaça em algo único e prazeroso.
      Na harmonização estas deliciosas bebidas combinam com pratos diversos e com graus diferentes de suculência e untuosidade, como um risoto de cogumelos, estrogonofe de frango,
costeletas de porco ao barbecue, filé à parmegiana, bobó de camarão, etc.
      Diferente do que muitos pensam estas cachaças são ótimas no preparo de coquetéis, valorizando a nossa drincologia.
      Lembrando que ambas arvores estão em extinção, e devemos trabalhar para que este quadro se reverta, adquira em sites especializados sementes e mudas para plantio, tanto a cabreúva como o balsamo tem grande adaptação ao clima de nosso país.
      Se é balsamo ou cabreúva, eu não sei, o que quero é beber!!






agradecimento:
 Leandro Batista, Elvis Campello e Mauricio Ayer, que me estimularam a pesquisar o assunto.

fontes:
 plantasquecuram.com.br
 ibflorestas.org.br
 ittorolac.org.br
 ipef.br
 mudasnativas.net
 viveiroparana.com.br
 umpedeque.com.br
     

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

AMBURANA


 

Pertence ao gênero de arvores brasileiras da família das fabáceas, subfamília Faboideae, considerada madeira nobre ou de lei. As espécies mais conhecidas são a Amburana acreana nativa da Amazônia, Amburana cearensis nativa da caatinga e floresta pluvial, ocorre do nordeste até São Paulo, entrando pelo interior de Goiás e Mato Grosso. Conhecida por vários nomes no Brasil como ambaúrana, amburana, amburana de cheiro, angelim, baru, cabocla, cerejeira rajada, cumaré, cumaru, cumaru de cheiro, cumaru do ceará, cumbaru das caatingas, emburana, emburana de cheiro, imburana, imburana brava, imburana cheirosa, imburana de cheiro, louro ingá, umburana, umburana lisa, umburana macho, umburana vermelha, umburana de cheiro.
Trata-se de uma espécie pioneira, que chega a atingir 4 a 10 m de altura na caatinga e 10 a 20 m em solos mais férteis, com tronco marrom avermelhado de 40-80 cm. Madeira moderadamente pesada, macia, com cheiro de cumarina, moderadamente durável quando exposta à intempéries. De acordo com o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais da Universidade de São Paulo a árvore amburana é uma espécie muito ameaçada de extinção principalmente pela destruição de seu habitat. Como a amburana é uma espécie nativa das regiões mais secas do Brasil sua ameaça está diretamente ligada a destruição dos ambientes de caatinga e do cerrado. Sua madeira é empregada em mobiliário fino, tanoaria, esculturas, balcões e marcenaria em geral. A árvore é muito ornamental, principalmente pela coloração dos seus ramos e tronco, sendo empregada com sucesso no paisagismo em geral,
suas sementes são utilizadas comercialmente na perfumaria, a casca do caule apresenta propriedades terapêuticas, comprovadas cientificamente, contra afecções respiratórias, por isso  serve de matéria-prima para fabricação de fitoterápicos.
A casca da amburana pode mesmo ser eficiente no combate a dores e inflamações no corpo humano. Embora seu uso na medicina popular ainda não deva ser estimulado, o potencial medicinal da planta foi confirmado cientificamente por pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina. Os testes utilizaram um extrato com substâncias da amburana (Amburana cearensis) e obtiveram resultados promissores nas funções analgésica e antiinflamatória.


 

Neste momento você deve estar se perguntando "e daí?" "pra que serve todas estas informações?". Muito bem estas informações servem para conhecimento geral e nos dá base para falar sobre o uso da Amburana na nossa Cachaça, sim isso mesmo! A Amburana é usada na tanoaria e seus tonéis conferem a bebida neles armazenadas cores e aromas distintos e sabor agradável, porém se não tomarmos o devido cuidado com a idade da madeira e o tempo de armazenamento podemos estragar a bebida, que ficará praticamente intragável, com isto conheço pessoas que são apaixonadas por cachaças que passam por esta madeira tão especial e versátil, e infelizmente aqueles que não podem nem passar perto de uma cachaça com aroma de amburana.

Suas características aromáticas vão de baunilha á aromas amadeirados que nos remetem a infância lembrando-se dos cheiros dos móveis usados na casa da vovó(sempre recordações saudosas), geralmente apresentam intensidade olfativa e fineza notável, seduzem o degustador, convidando-o ao primeiro gole, a cor da bebida pode variar de amarelo palha ao dourado intenso, de acordo com a idade do tonel e tempo de armazenamento, na boca de um modo geral as cachaças de amburana se revelam marcantes e redondas, formando uma agradável harmonia.

Por serem muito complexas sensorialmente as cachaças com amburana harmonizam perfeitamente com pratos de sabores fortes e especiados, como parmesão, defumados e embutidos em geral, linguiça de porco, chouriço, cudeguim, feijoada, churrasco, vatapá, sardinha entre outros.

A grande surpresa da harmonização com estas cachaças em amburana é realmente com as sobremesas, doce de leite, tiramisú, queijo com goiabada, petit gateau, sorvete de creme, pé de moleque etc.

Vamos então apreciar o nosso genuíno produto brasileiro armazenado em uma das madeiras mais versáteis da nossa flora.

Lembrando que a amburana esta Em Perigo , existem sites que vendem suas sementes para plantio, se todos fizerem a sua parte, não ficaremos sem madeira para armazenar nossa cachaça.

Sugestões de Cachaças Armazenadas em Amburana: Sanhaçú - PB e Retiro Velho - MG